31 de dez. de 2010

Ano Novo


Neste ano que se inicia, abra os meus olhos,os meus ouvidos, os meus sentidose o meu coração.
Que eu veja além do comum.
Que eu enxergue através dos homens o que há de melhor em cada um.
Que eu ouça somente as palavras bonitas.
Que eu sinta apenas as coisas boas.
Que eu seja mais do que um simples mortal.
Que eu seja eterna como eterna deve ser a esperança.
Que eu seja maior que a própria vontade de crescer.
Que eu queira mais do que o próprio querer.
Que eu seja mais do que esperam de mim.
Que eu possa expandir felicidade e perceber na simplicidade o valor de todas as coisas.
Que eu seja a semelhança do bem.
Que todos que de mim se aproximarem pressintam o amor que tenho a oferecer.
Que eu nunca cobre nada dos outros, mas cobre de mim. Que eu consiga me doar sem esperar agradecimento.
Que eu seja simples e grandiosa, como simples e grandiosa é a criação. Que eu permaneça voltada ao que é bom e precioso - a vida em toda
a essência de sua grandeza.

E assim, serei humana e feliz,
humilde e poderosa, amante e amada.
Estarei pronta e de braços abertos para colher os frutos de um novo tempo, que espera mais compreensão e tolerância de cada um para todos os seres do universo.
Assim, teremos a verdadeira comunhão entre o ser e o mundo que o acolhe - todos os seres inteirados, respeitando o espaço comum. E o mundo ficará bem melhor e eu terei feito apenas, uma parte de tudo isso.

Aquela pequena parte que poderá ser a grande diferença.
Que eu tenha a felicidade de ver meus amigos e familiares unidos em um só pensamento, o de amor, paz e harmonia.
Que eu tenha a felicidade de um ser privilegiada por sua bondade de encontrar no ano que se inicia um mundo melhor para todos os seres do universo.
Então estarei em paz.
Que assim seja!
Judi Menezes
Desejo que possamos ter coragem de embarcar nessa nova estacao, que possamos ver o novo ano com os olhos de conquista. Vá em busca de seus sonhos, pratique o bem e tenha certeza que se assim o fizer, se você colocar a mão na massa para alcançar seus objetivos terá um ano realmente novo. Depende de nós!!

26 de dez. de 2010

Mensagem emocionante sobre Amor, Perdas, Partidas e Saudade.

UM PEDIDO DE DESCULPAS

Quantas vezes agimos de maneira que magoa o próximo ou o outro nos magoa. Pois bem, que possamos saber pedir desculpas, bem como, saber conversar com as pessoas na hora certa. Hoje trago um artigo interessante que nos faz refletir sobre a importância de deixar a vida em dia, ou seja, faça hoje, não arraste situações, não deixe para depois. Nao deixe pra depois, nunca saberemos se ele vai acontecer!!!
Reflitam!!
Judi Menezes















Um pedido de desculpas é uma forma de dizer que você tem tamanha sintonia com o outro que é capaz de sentir que uma palavra sua feriu os sentimentos dele.
Um dos maiores recursos para gerar felicidade é manter a vida sempre em dia. Um amigo meu  diz que podemos descobrir o grau de maturidade de uma pessoa de acordo com o tempo durante o qual ela consegue carregar um mal-estar em relação a alguém.
Uma pessoa que tem maturidade percebe facilmente quando alguma coisa está maculando seu coração. É como se fosse uma camisa branca em que um simples pingo de azeite é percebido a distância. Já quem não amadureceu se parece mais com uma camisa preta, que não mostra a sujeira.
Quando você presta atenção em si mesmo, é fácil perceber que alguma coisa não está bem nos relacionamentos com as pessoas que ama. Ao notar que criou um mal-estar, prontifica-se a se desculpar com alguém que magoou ou questionar quem magoou você.
Já quem só se importa consigo mesmo nem sequer é capaz de imaginar que feriu o outro. Quem valoriza os próprios sentimentos tanto quanto os das outras pessoas age de forma diferente: pede desculpas, o que é uma maneira de dizer “eu te amo”.
Um pedido de desculpas é uma forma de dizer que você tem tamanha sintonia com o outro que é capaz de sentir que uma palavra sua feriu os sentimentos dele. Procurar um amigo para falar de algo que ele fez e que magoou você é uma forma de dizer “você é importante para mim”.
Isso acontece raramente porque muitas pessoas preferem “deixar pra lá” quando estão chateadas com alguém. Pensam que quem ama entende o comportamento do outro. O problema é que nem sempre há um coração assim tão compreensivo e, com o tempo, a situação mal resolvida acaba fazendo com que se afastem do amigo que as magoou.
A vida é cheia de mal-entendidos, não dá para evitá-los. O importante é não deixar que eles cresçam para que tenhamos um sono tranqüilo. Na maioria das vezes, as pessoas que nos magoaram não fizeram isso por maldade, mas simplesmente por descuido. Conversar sobre isso mostra que você é uma pessoa especial.
Quem tem a sabedoria de manter os relacionamentos livres de incômodos também conserva a cabeça livre de pendências. Quando sabe que tem de fazer alguma coisa, vai lá e faz, parte para o tudo ou nada, pois entende que, enquanto não o fizer, estará com a cabeça ocupada com o problema.
É incrível como somos capazes de deixar que as pendências se arrastem até o último minuto. Um jovem, por exemplo, tem de fazer a inscrição para o vestibular. Sabe a data em que as inscrições começam, mas deixa para fazer a dele na semana seguinte – e a preocupação de não esquecer já começa a ocupar espaço em sua mente.
Na semana seguinte, ele arruma um monte de coisas para fazer e deixa para depois. Enquanto isso, a preocupação vai aumentando e só terminará quando a pendência for resolvida.
Lembre-se: só quem mantém a mente livre de pendências e preocupações tem tempo para ser feliz e olhos para os passarinhos da vida.


Por Roberto Shinyashiki

24 de dez. de 2010

Sentimentos...

"Somos donos de nossos atos,mas não donos de nossos sentimentos;

Somos culpados pelo que fazemos,mas não somos culpados pelo que sentimos;

Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos...

Atos sao pássaros engailoados, sentimentos são passaros em vôo."

Mário Quintana

Que nesse natal seus sentimentos aflorem e ganhem as alturas!!!
Paz e Luz
Judi Menezes

23 de dez. de 2010

  A idade e a mudança


Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.
Olhe-se no espelho...
                                                                                                          Lya Luft


Não sei  se todos temos essa  disposição para guinadas! Acredito que seja muito simples encontrá-la , talvez esse seja o paradoxo maior!
De coração desejo a voce que encontre  a sua fonte de junventude chamada "mudança". Que ela seja  algo mágico, divino e, porque não, profano.
PAZ E LUZ!
Judi Menezes

22 de dez. de 2010

A escolha é sua!

Você já ouviu alguma vez falar de livre arbítrio?


Livre-arbítrio quer dizer livre escolha, livre opção.
Em todas as situações da vida, sempre temos duas ou mais possibilidades para escolher.
E a cada momento a vida nos exige decisão. Sempre temos que optar entre uma ou outra atitude.
Desde que abrimos os olhos, pela manhã, estamos optando entre uma atitude ou outra. Ao ouvir o despertador, podemos escolher entre abrir a boca para lamentar por não ser nosso dia de folga ou para agradecer por mais um dia de oportunidades.
Ao encontrarmos o nosso familiar que acaba de se levantar, podemos resmungar qualquer coisa, ficar calado, ou desejar, do fundo da alma, um bom dia.
Quando chegamos ao local de trabalho, podemos optar entre ficar de bem com todos ou buscar o isolamento, ou, ainda, contaminar o ambiente com mau humor.
Conta um médico, que trata de pacientes com câncer, que as atitudes das pessoas variam muito, mesmo em situações parecidas.
Diz ele que duas de suas pacientes, quase da mesma idade, tiveram que extirpar um seio por causa da doença. Uma delas ficou feliz por continuar viva e poder brincar com os netos, a outra optou por lamentar pelo seio que havia perdido, embora também tivesse os netos para se distrair.
Quando alguém o ofende, você pode escolher por revidar, calar-se ou oferecer o tratamento oposto. A decisão sempre é sua.
O que vale ressaltar é que todas as ações terão uma reação correspondente, como conseqüência. E essa ação é de nossa total responsabilidade.
E isso deve ser ensinado aos filhos desde cedo. Caso a criança escolha agredir seu colega e leve alguns arranhões, deverá saber que isso é resultado da sua ação e, por conseguinte, de sua inteira responsabilidade.
Tudo na vida está sujeito à lei de causa e efeito: para uma ação positiva, um efeito positivo; para uma ação infeliz, o resultado correspondente.
Se você chega ao trabalho bem humorado, alegre, radiante, e encontra seu colega de mau humor, você pode decidir entre sintonizar na faixa dele ou fazer com que ele sintonize na sua.
Você tem ainda outra possibilidade de escolha: ficar na sua.
Todavia, da sua escolha dependerá o resto do dia. E os resultados lhe pertencem.
A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Pois bem, nós estamos semeando e colhendo o tempo todo. Se semeamos sementes de flores, colhemos flores; se plantamos espinheiros, colheremos espinhos. Não há outra saída.
Mas o que importa mesmo é saber que a opção é nossa. Somos livres para escolher, antes de semear. Aí é que está a justiça divina.
Mesmo as semeaduras que demoram bastante tempo para germinar, um dia terão seus frutos. São aqueles atos praticados no anonimato, na surdina, que aparentemente ficam impunes. Um dia eles aparecerão e reclamarão colheita.
Igualmente, os atos de renúncia, de tolerância, de benevolência, que tantas vezes parecem não dar resultados, um dia florescerão e darão bons frutos e perfume agradável. É só deixar nas mãos do jardineiro divino, a quem chamamos de Criador.
Pense nisso!A hora seguinte será o reflexo da hora atual.
O dia de amanhã trará os resultados do dia de hoje.
É assim que vamos construindo a nossa felicidade ou a nossa desdita, de acordo com a nossa livre escolha, com nosso livre-arbítrio. Sempre estamos fazendo escolhas!!!
Desejo que sua colheita seja esteja repleta de bons frutos!
Paz e Luz
Judi Menezes

20 de dez. de 2010

O discreto bater de asas de anjos...


O Victor é um adolescente. Arranjou um emprego no McDonald‘s. No McDonald‘s trabalham adolescentes. Antes de iniciar o seu trabalho eles são treinados. São treinados, primeiro, a cuidar do espaço em que trabalham: a ordem, a limpeza, os materiais – guardanapos, canudinhos, temperos, bandejas. É preciso não desperdiçar. Depois, são treinados a lidar com os clientes. Delicadeza. Atenção. Simpatia. Sorrisos. Boa vontade. Clientes não devem ser contrariados. Têm de se sentir em casa. Têm de sair satisfeitos. Se saírem contrariados, não voltarão. O Victor aprendeu bem as lições: começou o seu trabalho. Mas logo descobriu uma coisa que não estava de acordo com o aprendido: os adolescentes, fregueses, não cuidavam das coisas como eles, empregados, cuidavam. Tiravam punhados de canudinhos para brincar. Usavam mais guardanapos do que o necessário. Punham as bandejas dentro do lixo. Aí o Victor não conseguiu se comportar de acordo com as regras. Se ele e os seus colegas de trabalho obedeciam as regras, por que os clientes não deveriam obedecê-las? Por que sorrir e ser delicado com fregueses que não respeitavam as regras de educação e civilidade? E ficou claro para todo mundo, colegas e clientes, que o Victor não estava seguindo as lições... O chefe chamou o Victor. Lembrou-lhe o que lhe havia sido ensinado. O Victor não cedeu. Argumentou. Disse de forma clara o que estava sentindo. O que ele desejava era coerência. Aquela condescendência sorridente era uma má política educativa. Era injustiça. Os seus colegas de trabalho sentiam e pensavam o mesmo que ele. Mas eram mais flexíveis... Não reclamavam. Engoliam o comportamento não educado dos clientes-adolescentes com o sorriso prescrito. E o chefe, sorrindo, acabou por dar razão ao Victor. Qual a diferença que havia entre o Victor e os seus colegas? O Victor tem Síndrome de Down.
O Edmar é um adolescente. Calado. Quase não fala. Arranjou um emprego como lavador de automóveis num lava-rápido. Emprego bom para ele porque não é necessário falar enquanto se lava um carro. Mas de repente, sem nenhuma explicação, o Edmar passou a se recusar a trabalhar. Ficava quieto num canto sem dar explicações. O Edmar, como o Victor, tem Síndrome de Down. A “Fundação Síndrome de Down“, que havia arranjado o emprego para o Edmar, foi informada do que estava acontecendo. Que tristeza! Um bom emprego – e parece que o Edmar ia jogar tudo fora. O caminho mais fácil seria simplesmente dizer: “Pena. Fracassamos. Não deu certo. Pessoas com Síndrome de Down são assim...“ Mas a equipe encarregada da inclusão não aceitou essa solução. Tinha de haver uma razão para o estranho comportamento do Edmar. E como ele é calado e não explica as razões do que faz, uma das pessoas da equipe se empregou como lavadora de carros, no lava-rápido onde o Edmar trabalhava. E foi lá, ao lado do Edmar, que ela descobriu o nó da questão: o Edmar odiava o “pretinho“ – aquele líquido que é usado nos pneus. Odiava porque o tal líquido grudava na mão, não havia jeito de lavar, e a mão ficava preta e feia. O Edmar não gostava que sua mão ficasse preta e feia. Todos os outros lavadores – sem Síndrome de Down – sentiam o mesmo que o Edmar sentia - também eles não gostavam de ver suas mãos pretas e sujas. Não gostavam mas não reclamavam. A solução? Despedir o Edmar? De jeito nenhum! A “lavadora“ pôs-se a campo, numa pesquisa: haverá um outro líquido que produza o mesmo resultado nos pneus e que não seja preto? Descobriu. Havia. E assim o Edmar voltou a realizar alegremente o seu trabalho com as mãos brancas. E, graças a ele, e ao trabalho da “lavadora“, todos os outros puderam ter mãos limpas ao fim do dia de trabalho.
Essa é uma surpreendente característica daqueles que têm Síndrome de Down: não aceitam aquilo que contraria o seu desejo e suas convicções. O Victor desejava coerência. Não iria engolir o comportamento não civilizado de ninguém. O Edmar queria ter suas mãos limpas. Não iria fazer uma coisa que sujasse suas mãos. Quem tem Síndrome de Down não consegue ser desonesto. Não consegue mentir. E é por isso que os adultos se sentem embaraçados pelo seu comportamento. Porque os adultos sabem fazer o jogo da mentira e do fingimento. Um adulto recebe um presente de aniversário que julga feio. Aí, com o presente feio nas mãos, ele olha para o presenteador e diz sorridente: “Mas que lindo!“ Quem me contou foi o Elba Mantovaneli: ele deu um presente para a Andréa. Mas aquele presente não era o que ela queria! Ela não fingiu e nem se atrapalhou. Só disse, com um sorriso: “Vou dar o seu presente para o Fulano. Ele vai gostar...“
As crianças normais, na escola, aprendem que elas têm de engolir jilós, mandioca crua e pedaços de nabo: coisas que não fazem sentido. Aprendem o que é “dígrafo“, “próclise“, “ênclise“, “mesóclise“, os “usos da partícula se“... Você ainda se lembra? Esqueceu? Mas teve de estudar e responder certo na prova. Esqueceu, por quê? Porque não fazia sentido.
Fazer sentido: o que é isso? É simples. O corpo – sábio – carrega duas caixas na inteligência: a caixa de ferramentas e a caixa de brinquedos. Na caixa de ferramentas estão coisas que podem ser usadas. Não todas, evidentemente. Caso contrário a caixa teria o tamanho de um estádio de futebol. Seria pesada demais para ser carregada. Se vou cozinhar, na minha caixa de ferramentas deverão estar coisas necessárias para cozinhar. Mas não precisarei de machados e guindastes. Na outra caixa, de brinquedos, estão todas as coisas que dão prazer: pipas, flautas, estórias, piadas, jogos, brincadeiras, beijos, caquis... Se a coisa ensinada nem é ferramenta e nem é brinquedo, o corpo diz que não serve para nada. Não aprende. Esquece. As crianças “normais“, havendo compreendido que os professores e diretores são mais fortes que elas, por ter o poder de reprovar, submetem-se. Engolem os jilós, as mandiocas cruas e os pedaços de nabo, porque terão de devolvê-los nas provas. Mas logo os vomitam pelo esquecimento. Não foi assim que aconteceu conosco? As crianças e adolescentes com Síndrome de Down simplesmente se recusam a aprender. Elas só aprendem aquilo que é expressão do seu desejo. Entrei numa sala, na “Fundação Síndrome de Down“. Todos estavam concentradíssimos equacionando os elementos necessários para a produção de um cachorro quente. Certamente estavam planejando alguma festa... Numa folha estavam listados: salsicha, pão, vinagrete, mostarda... Entrei no jogo. “Esse cachorro quente de vocês não é de nada. Está faltando a coisa mais importante!“ Eles me olharam espantados. Teriam se esquecido de algo? Seu cachorro quente estaria incompleto? Acrescentei: “Falta a pimenta!“ Aí seus rostos se abriram num sorriso triunfante. Viraram a folha e me mostraram o que estava escrito na segunda folha: “pimenta“.
Aí, vocês adultos, vão dizer: “Que coisa mais boba estudar um cachorro quente!“ Respondo que bobo mesmo é estudar dígrafo, usos da partícula se, os afluentes da margem esquerda do Amazonas e assistir o “Show do Milhão“. Um cachorro quente, um prato de comida, uma sopa: que maravilhosos objetos de estudo. Já pensaram que num cachorro quente se encontra todo um mundo? Querem que eu explique? Não explicarei. Vocês, que se dizem normais e inteligentes, que tratem de pensar e concluir.
A sabedoria das crianças e adolescentes com Síndrome de Down diz: “Dignas de serem sabidas são aquelas coisas que fazem sentido, que têm a ver com a minha vida e os meus desejos!“ Mas isso é sabedoria para todo mundo, sabedoria fundamental que se encontra nas crianças e que vai sendo progressivamente perdida à medida que crescemos.
E há o caso delicioso do Nilson que foi eleito “funcionário do mês“ no McDonald‘s. E não o foi por condescendência, colher-de-chá... Foi por mérito. O Nilson é um elemento conciliador, amigo, que espalha amizade por onde quer que ande... Todos gostam dele e o querem como companheiro.

É preciso devolver as pessoas com Síndrome de Down à vida comum de todos nós. Nós todos habitamos um mesmo mundo. Somos companheiros. É estúpido e injusto segregá-los em espaços e situações fechadas. Claro que vocês já leram a estória da Cinderela – também conhecida como “Gata Borralheira“. Sua madrasta a havia segregado no “borralho“. Não podia frequentar a sala. Todas as estórias são respostas a situações reais. Pois eu acho que, na vida real, a “Gata Borralheira“ era uma adolescente com Síndrome de Down de quem mãe e irmãs se envergonhavam. Mas a estória dá uma reviravolta e mostra que ela tinha uma beleza que a madrasta e irmãs não possuíam. E eu sugiro que sua beleza está nessa inteligência infantil, absolutamente honesta, absolutamente comprometida com o desejo que nós, adultos, perdemos ao nos submeter ao jogo das hipocrisias sociais.

Quem quiser saber mais poderá visitar a “Fundação Síndrome de Down“, em Barão Geraldo. É uma instituição maravilhosa! E digo que me comovi ao observar o carinho, inteligência e persistência daqueles que lá trabalham. E andando pelos seus corredores e salas de repente senti que havia lágrimas nos meus olhos: lembrei-me do Guido Ivan de Carvalho que foi um dos seus idealizadores e construtores, juntamente com a Lenir, sua esposa. O Guido não está mais lá. Ficou encantado... Sugeri à Lenir que plantasse, para o Guido, uma árvore, no jardim da Fundação. Se vocês não sabem, na estória original da Cinderela não havia Fada Madrinha. Quem protegia a Cinderela era a sua mãe morta, que continuava a viver sob a forma de uma árvore...
Pensando naquelas crianças e adolescentes lembrei-me de uma afirmação do apóstolo Paulo: “Deus escolheu as coisas tolas desse mundo para confundir os sábios – porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens...“ Quem sabe será possível ouvir, naqueles rostos sorridentes, um discreto bater de asas de anjos...
Quando estive em Portugal, no ano passado, descobri, na Vila das Aves, a Escola da Ponte. Contei sobre ela no livro A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir, publicado pela Papirus. Pois uma das coisas que me surpreenderam naquela escola foi ver crianças com Síndrome de Down integradas com as outras crianças: eram suas companheiras, iguais a elas, sem que ninguém as tratasse como casos especiais. Retornei à Escola da Ponte, faz uns meses, com um grupo de educadores brasileiros. E eu andava distraído pelo jardim da escola quando ouvi um grito: “Rubem“. Era o André, um deles... Maior e mais forte do que eu, correu para mim e me deu um abraço que me levantou do chão... O André se especializou em computadores e criou uma homepage através da qual se comunica com o mundo!

( Rubem Alves,Correio Popular, Caderno C, 23/09/2001.)

Sem comentarios!!!
Paz e Luz!
Judi Menezes

19 de dez. de 2010

Ganhei coragem !!! Admito, ha muito tempo estou tentando partilhar esse texto do Rubem Alves, mas sem coragem, acredito que devo estar ficando velha( nao tenho nada contra o termo, nao gosto de idosa ou da terceira idade - acho muito hipocrita).

                          Ganhei coragem

“Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece“, observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, ledor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora quando a coragem chega: “Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos“. Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre que me calei: “O povo unido jamais será vencido“: é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o “povo“ tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo... Não sei se foi bom negócio: o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de televisão que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse, na montanha, para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os 10 mandamentos. E há estória do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante a amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou... Passado muito tempo Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos... E que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: “Agora você será minha para sempre...“ Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus. Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta. Mas sabia que ela não era confiável. O povo sempre preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhes contavam mentiras. As mentiras são doces. A verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos o circo era os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro O homem moral e a sociedade imoral observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis“ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da Sadia. E a democracia se faz com os votos do povo... Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia - são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo. Outra coisa são as práticas de engano pelas quais o povo é seduzido. O povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham. Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus Cristo foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a Revolução Cultural na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O mais famoso dos automóveis foi criado pelo governo alemão para o povo: o Volkswagen. Volk, em alemão, quer dizer “povo“..
O povo unido jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos... Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio, não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol (tive a desgraça de viajar por duas vezes, de avião, com um time de futebol...). Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno“, à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: “Caminhando e cantando e seguindo a canção...“ Isso é tarefa para os artistas e educadores: O povo que amo não é uma realidade. É uma esperança.

(Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 05/05/2002)


Sei que o texto 'e provacante , concordo com cada linha. Acho que a cada triunfo do povo tenho que engolir muitos sapos. Isso 'e amedrontador!  Nao espero que concordem !
Desejo ter despertado no minimo uma boa reflexao!
Paz e Luz!
Judi Menezes

18 de dez. de 2010

Adolescência ...

GLASS by MIROSLAV VAJDIĆNao tenho nenhuma pretensao de utilizar qualquer corrente, teoria psicologica aqui... ate porque tenho me afastado da psicologia! Deixando claro que nao tenho nada contra, muito pelo contrario. Apenas descobri que nao " 'e a minha praia"! Deixo qualquer analise mais aprofundada para os psicologos, psicopedagogos, enfim...os profissionais da area.
O que voce encontra aqui 'e a minha visao de Tia de uma adolescente, que consequentemente convive com seus(as) amigos(as). Apenas isso!!!


É repetido sucessivamente que a adolescência é uma idade complicada: cheia de incertezas, dúvidas e medos. Porém ninguém lembra, defende... que é uma idade marco, uma etapa da vida que se tem de passar e não podendo ser diferente, em vez de estigmatizar com uma idade problemática, poderíamos procurar a melhor forma de vê-la.
Nisso precisamos dos pais, a dificuldade é que muitas vezes os adultos não têm tempo para seus filhos, devido essa vida insana que se leva neste mundo desumano. Nas maiorias das vezes preferem classificar os adolescentes como “aborrecentes”, do que entendê-lo com a sensibilidade de quem já teve a mesma idade.
Ninguém chega à idade adulta, constrói uma vida próspera e feliz, sem ter um bom alicerce, e essa base são em grande parte formada na infância e adolescência, é por isso que devemos tomar muitos cuidados o que fazemos nelas.
Em todas as idades os erros não passam impunes, no entanto na puberdade tudo é mais complexo devido o jovem não está psicologicamente maduro para se levantar com dignidade duma queda, por conta duma falha ele pode pôr sua vida profissional, sentimental e até espiritual a perder.
A puberdade pode ser uma ótima fase da vida, é só o jovem assumir seu papel com responsabilidade na comunidade, pois não há outra forma de se realizar como ser humano senão pela dignidade, trabalho, responsabilidade... Sendo-se adolescente, adulto, homem ou mulher...
Todos têm de procurar tornar esse mundo melhor e não ao contrário com revolta infundada, rebeldia, caprichos... Afinal a adolescência é a transição para a vida adulta, e aquele que a aproveitam dessa forma, sem deixar os encantos característicos próprios dessa fase da vida, geralmente será um adulto muito mais realizado e feliz, não é isso que procuramos desde a mais tenra idade?
A vida é uma busca constante pela felicidade, e na puberdade já se começa desenhar quem seremos, como enxergaremos o mundo, os problemas... Enfim tudo que se viveu se aprendeu e se valorizou na infância e adolescência é colhida a posteriores.
O mundo está nessa situação lastimável justamente pela falta de diálogos entre as pessoas. Se não repensamos a educação neste país, a situação vai ficar insustentável, onde será preciso construí cada vez mais presídios, para “corrigir” o erro de não se ter dado o devido valor à escola.
Os jovens não precisam de críticas, indiferenças, maus tratados... Necessitam sim de opções, respeito, oportunidades... Para serem felizes e prosperarem.O que não é feito e dizem que não sabem o motivo da juventude está se perdendo: entra aí a falta de responsabilidade dos que “dirigem” esse país das desculpas, essa é a melhor classificação para o Brasil: “O País das Desculpas” e é muito estafante ouvir desculpas esfarrapadas.
Acredito que grande parte dos adolescentes tem muito o que dizer e fazer , tenho oportunidade de conversar com alguns e percebo que o que esta acontecendo com a maioria 'e a falta de perspectivas, de orientacao, de uma escuta que se despoje dos paradigmas, dos pre conceitos. Converse com um adolescente( ser humano) deixe as barreiras cairem, mas seja voce mesmo , com suas conviccoes , mesmo que sejam todas contrarias ao que ele (adolescente) pensa, se houver respeito e uma escuta verdadeira, acredite a conversa vai fluir  e  lhe fazer muito bem!!

Paz e Luz!
Judi Menezes

12 de dez. de 2010

De repente

               Amores eternos


Eu acredito em amores eternos, daqueles que acompanham a gente pela vida inteira, como se tempo e amor se fundissem num só elemento, tornando-se imutáveis, indestrutíveis.
Eu acredito em amores eternos, daqueles que vão com você para qualquer lugar, não importando o quão distante você esteja, por que a pessoa amada reside em seu próprio coração.
Acredito em amores eternos e sublimes, capazes de reconsiderar tudo, com suavidade, ternura e perdão.Acredito, sim, em amores para toda a vida, e além da vida, pois seria um tipo de amor unido à própria alma, e sem alma a vida não tem razão...
Amores eternos existem sim, e superam qualquer coisa, mesmo quando ninguém mais acredita neles, eles continuam sempre à espreita, esperando apenas um olhar, um retorno, uma reconciliação.
Augusto Branco

De repente, não mais que de repente



Talvez isto já tenha acontecido com você, talvez nunca aconteça.
De repente, não mais que de repente, em um lugar inusitado, num momento inesperado, você pára e se depara com alguém que provavelmente você jamais teria conhecido, ou em quem jamais teria reparado se não fosse aquele exato momento.Vocês trocam algumas palavras, interessam-se um pelo outro e... bem, depois você vai pra casa dormir pensando em como aquela pessoa parecia especial.
Sentimentos inexplicáveis atravessam tua mente e algo faz você pensar que aquela pessoa poderia mudar toda tua vida e começa a achar-se um idiota por não ter sido mais ousado, ou por ter sido tão lerdo que não percebeu isto naquela hora.
Depois, você tenta encontrá-la outra vez: vai ao mesmo local, faz as mesmas coisas, de alguma forma você tem certeza que ela voltará e,quando finalmente essa pessoa aparece, você percebe, simplesmente, que chegou tarde demais...
É, meus amigos, isso aconteceu comigo recentemente,mas foi de repente, não mais que de repente...

Gosto muito dos textos escritos por Augusto Branco.
O proprio autor  apresenta-se sempre como um homem entre tantos outros, “apenas um cara no caminho”, nas suas palavras. Uma expressão coerente com a sua produção literária: textos que mergulham no coração das pessoas, ao evidenciarem os mais finos paradoxos que acompanham o amor, a felicidade e o bem-estar, sentimentos comuns a todos nós.



Paz e Luz!!
Judi Menezes












Anticoncepção na Adolescência - Métodos anticoncepcionais

Acredito que a importância crescente que os problemas derivados do exercício da sexualidade estão adquirindo na população jovem está sinalizando claramente a necessidade de aumentar o acesso dos jovens a serviços especificamente dedicados a atendê-los, que estejam capacitados para dar atendimento integral aos problemas de saúde reprodutiva, incluindo contracepção e prevenção de DST e aids. Trago a apenas a titulo de informacao alguns metodos anticoncepcionais , lembrando que nada substitui uma consulta e avaliacao com o seu medico.





Métodos baseados na percepção da fertilidade ou de abstinência periódica


As estatísticas baseadas em estudos populacionais mostram que esses métodos têm uma eficácia média/baixa, o que os faria pouco recomendáveis para as adolescentes que, em geral, precisam de alta eficácia, porque a gravidez representa um risco importante. Por outro lado, estudos clínicos bem controlados mostram que esses métodos, usados corretamente, alcançam uma eficácia aceitável, comparável à dos métodos de barreira.

Além disso, o conhecimento da fisiologia reprodutiva e da maneira adequada de usar esses métodos, pode ser muito útil como complemento para o uso dos métodos de barreira.

Mantendo o conceito básico da livre escolha, o uso desses métodos deveria ser ensinado a todas(os) adolescentes, porque: a) bem utilizados podem ter uma eficácia aceitável, b) podem ser um excelente método auxiliar para aumentar a eficácia dos métodos de barreira, c) por falta de acesso aos serviços, é comum que a mulher inicie a vida sexual sem anticoncepção, sendo a abstinência periódica o único recurso disponível.

Métodos hormonais.

Não há, em geral, restrições ao uso dos anticoncepcionais hormonais na adolescência. Respeitando o direito de escolha livre e informada, as adolescentes podem utilizar estes métodos desde a menarca. As últimas revisões científicas mostram que não há fundamentos para restringir seu uso nos primeiros seis meses ou dois anos após a menarca, como alguns autores preconizaram em algumas publicações. Da mesma forma que nas mulheres adultas, devem ser respeitados os critérios de elegibilidade médica. Entretanto, a OMS recomenda restringir o uso de injetáveis apenas de progestogênio (Depo-provera) antes dos 16 anos, pelo possível risco de diminuir a calcificação óssea e colocar a mulher em risco de osteoporose após a menopausa. As que optarem pelo uso da Depo-provera, deverão ser advertidas de que o retorno da fertilidade depois de suspender o seu uso pode ser mais demorado, mas não leva a esterilidade definitiva.
Da mesma forma que nas mulheres adultas, devem ser evitados os métodos combinados com altas doses de estrogênios.

Métodos de barreira

O preservativo masculino e feminino são os dois únicos métodos que oferecem dupla proteção contra a gravidez e DST/aids. A eficácia deles como anticoncepcionais depende muito da maneira como são usados (técnica e consistência de uso). Estudos clínicos com o preservativo masculino mostram que a eficácia pode chegar a uma taxa de falha de 2-4%, semelhante à da pílula. Os outros métodos de barreira (diafragma, capuz cervical, espermicidas) podem dar alguma proteção contra DIP (doença inflamatória pélvica) e DST, mas não protegem efetivamente contra a Aids. Sua eficácia anticoncepcional, em uso perfeito, pode igualar-se à dos preservativos mas, em uso rotineiro, esses métodos apresentam uma taxa de falha maior.

Atualmente, estão sendo realizadas pesquisas para desenvolver microbicidas, com ou sem efeito anticoncepcional, que tenham efeito contra o HIV e bactérias causadoras de DST. Estes poderiam ser métodos ideais para a mulher proteger-se de DST e aids.

Dispositivo intrauterino (DIU)


Respeitando a escolha livre e os critérios de elegibilidade médica, o DIU com cobre pode ser uma boa alternativa para adolescentes. Os estudos epidemiológicos da OMS mostraram que o risco de infecção pélvica com DIU depende mais da técnica de inserção e da adequada seleção da usuária, do que da idade. A taxa de gravidez do DIU em adolescentes, embora maior que nas adultas, é menor que a taxa de gravidez observada com a pílula em uso rotineiro.

Métodos cirúrgicos permanentes


Os métodos cirúrgicos são de uso excepcional na adolescência. Só estariam justificados em casos de existência de condições clínicas ou genéticas que façam com que seja imperativo evitar a gravidez permanentemente. Esses casos são cada vez mais excepcionais. É importante lembrar que há anticoncepcionais reversíveis de alta eficácia, que oferecem proteção contraceptiva no mesmo nível dos métodos cirúrgicos.

Contracepção de emergência

É um método muito importante para os adolescentes, porque eles pertencem a um grupo que tem maior risco de ter relações sexuais desprotegidas. Só os métodos hormonais de contracepção de emergência, combinados ou só de progestogênios, estão aprovados no Brasil. Os serviços deveriam oferecer informação sobre esses métodos, enfatizando que devem ser usados só para emergências, de forma esporádica, antes de 72 horas depois do coito desprotegido e que não existem contraindicações médicas para seu uso. Recentemente foi registrado no país o primeiro produto específico para contracepção de emergência, apenas de progestogênio, muito efetivo e com menos efeitos secundários que os métodos combinados.

www.saude.gov.br


 Entendo que a  capacitação dos provedores de serviços para adolescentes deverá incluir, além de aspectos técnicos, treinamento em técnicas de comunicação. Todos os serviços para adolescentes deveriam ter um forte componente educativo, com a participação dos próprios adolescentes e deveriam incluir a perspectiva de gênero de maneira explícita.
Trabalhar o gênero na adolescência aparece como uma estratégia fundamental para diminuir o atual desequilíbrio de poder entre os sexos, que é um fator que tem interferido negativamente na qualidade da saúde sexual e reprodutiva. Finalmente, mas não menos importante, consideramos que qualquer esforço para melhorar o atendimento em saúde reprodutiva/planejamento familiar dos adolescentes deve incluir a participação da comunidade, especialmente dos professores e dos pais. Isto poderia contribuir para evitar que os jovens recebam informações discordantes e conflitantes, especialmente mensagens de censura moral e social, provenientes de distintos segmentos da sociedade.
 
Paz e Luz !!!
Judi Menezes

11 de dez. de 2010

Anticoncepção na Adolescência

O Brasil tem promovido diversos programas com o objetivo de melhorar a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, porém focalizando principalmente as adolescentes grávidas.
Para os adultos, nos quais se incluem os profissionais de saúde, tem sido difícil aceitar que os adolescentes têm vida sexual ativa e que eles precisam não só de informações, mas também de acesso aos métodos anticoncepcionais. Às vezes, sem perceber, dificulta-se o uso dos métodos ao se perpetuarem mitos e preconceitos em relação aos mesmos ou pelo temor dos profissionais de dar anticoncepcionais a menores de idade. O desafio atual é garantir que as(os) adolescentes tenham o aceso aos serviços antes mesmo do início de sua vida sexual, e oferecer-lhes um atendimento integral , que inclua também seus aspectos psicológicos e sociais. De nada adianta fazer de conta que nada esta acontecendo. Os adolescentes, cada dia mais cedo, despertam  ou sao induzidos a despertar para o sexo. Quero que fique claro que nao estou defendendo que o(a)  adolescente sai por ai fazendo sexo deliberadamente. Mas, caso isso aconteca acredito que sera muito melhor que ele(a) estejam seguros-fisica e psicologicamente-  e bem informados  sobre o inicio de sua vida sexual. Portanto, estou comecando a publicar uma serie de artigos medicos, acessiveis a todos sobre a referida tematica.
Sugiro que os(as) adolescentes e os adultos  interessados acessem o site :http://www.adolescencia.org.br/adolescencia, pois o mesmo traz informacoes sobre diversas tematicas (inclusive sexualidade) com linguagem e visual bem "transados" , com  artigos serios, escritos por profissionais competentes, e esclarecedores.

Aspectos médicos da anticoncepção na adolescência.
Do ponto de vista médico, a anticoncepção na adolescência não apresenta grandes desafios. Nesse grupo, como em qualquer faixa etária, a escolha do método anticoncepcional deve ser livre e informada, respeitando os critérios de elegibilidade médica. Os adolescentes, homens e mulheres, quando iniciam a vida sexual, em geral estão em boas condições de saúde, sendo excepcional ter de lidar com situações em que os critérios de elegibilidade médica limitem ou dificultem a escolha do método anticoncepcional. É importante salientar que, contrariando preconceitos fortemente enraizados na cultura médica, mas sem fundamento científico, não há nenhum método anticoncepcional que não possa ser utilizado na adolescência depois da menarca. Os critérios de elegibilidade médica da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados em 1996, baseados numa ampla revisão da literatura, estabeleceram que a idade não deve constituir restrição ao uso de qualquer método.


Da mesma forma que em qualquer outra faixa etária, para que haja escolha livre e informada, a usuária potencial deve conhecer as características dos métodos que incluem: a eficácia, mecanismo de ação, modo de uso, os principais efeitos colaterais e como lidar com eles. Tendo em conta essa premissa básica, analisaremos brevemente o uso dos diversos métodos na adolescência. Antes, porém, da revisão por método, é necessário revisar o conceito de dupla proteção.

A incidência crescente de DST e a epidemia de aids fazem com que seja fundamental, em todas as faixas etárias, especialmente na adolescência, insistir no conceito da dupla proteção. Os estudos sobre a incidência e modo de transmissão das DST e aids têm confirmado que o sexo feminino apresenta uma vulnerabilidade maior às doenças, o que se soma ao fato de que são as mulheres que tem de carregar as conseqüências da gravidez indesejada. A transmissão do vírus HIV e das DST é mais eficiente de homem para mulher que no sentido contrário, e as conseqüências das DST nas mulheres são maiores que nos homens. Isso justifica que as mulheres, incluindo as adolescentes, utilizem dupla proteção sempre que o parceiro não ofereça garantia de não portar uma DST ou o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

A dupla proteção, contra a gravidez indesejada e DST/aids, pode ser feita, basicamente de duas maneiras:

a) usar um método de eficácia alta ou média (pílula, injetável, DIU) e preservativo em todas as relações, ou pelo menos naquelas em que exista risco de contrair DST ou aids;

b) usar camisinha como dupla proteção, tendo como retaguarda a contracepção de emergência, para utilizar quando o preservativo se rompe ou sai do lugar, ou nos casos em que, por esquecimento ou qualquer outra razão, não é usado.
As mulheres devem receber informações muito completas e claras sobre a dupla proteção e, quando escolham a segunda opção, devem ser instruídas em detalhes sobre como utilizar a contracepção de emergência.

O fato da maior vulnerabilidade da mulher não isenta o homem da necessidade de proteger-se contra essas doenças, além da responsabilidade para com a sua parceira, de evitar o risco de transmitir-lhe uma DST ou aids.
A cada ano cerca de um milhão de adolescentes engravidam no Brasil. Hospitais desenvolvem programas para adolescentes entre 10 e 19 anos, responsáveis por 26% dos partos no SUS. Hoje no Brasil, uma em cada 10 mulheres de 15 a 19 anos já tem dois filhos. Na faixa dos 19 anos, uma em três já tem um filho ou está grávida. Pesquisa feita com adolescentes no Hospital da Clínicas – SP, detectou que uma parte expressiva queria mesmo engravidar.
   Fonte:   http://www.adolescencia.org.br/adolescencia/default.asp

Espero que essas informacoes sejam uteis e sirvam para iniciar uma conversa sincera, aberta e respeitosa com a familia que, no meu entendimento, deve ser a principal  educadora desses jovens.
 Onde muitas adolescentes grávidas vêem sua vida mudar completamente e não se sentem preparadas para isso. Não é nada fácil, de uma hora para outra, deixar o papel de filha para se transformar em mãe. Outra questão é a relação com os pais. Nem sempre eles são tão compreensivos. A “culpa” por ter traído a confiança dos pais – seja real ou não – e o medo de perder o afeto dos dois fazem com que a adolescente se sinta desamparada e cheia de conflitos. Outras vezes, o receio é a perda do namorado. Com medo das responsabilidades e de ver o seu futuro ameaçado por um bebê que não estava no programa, alguns garotos acham melhor pular fora e deixar todo o encargo e responsabilidade por conta da menina. Muitas adolescentes acham que, só pelo fato de estarem grávidas, vão perder todos os encantos. No fundo, existe dificuldade em se reconhecer naquele corpo que está ganhando novas formas. Por mais forte que seja a adolescente, é muito difícil não se deixar abalar psicologicamente.

Considerando a complexidade dos processos envolvidos na gestação da adolescente, humildemente, arrisco dizer que o atendimento de saúde deve ter uma perspectiva de trabalho visando um atendimento mais integrado e global, permitindo lidar com as variáveis de risco dessa população: os fatores bio-psico-sociais.


PAZ E LUZ!!
Judi Menezes









 

14 de nov. de 2010

Autismo - Estudo demonstra base biológica de doença altamente estigmatizada.

Do G1, em São Paulo
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1374229-7823-ESTUDOANALISA+O+COMPORTAMENTO+CEREBRAL+DO+AUTISMO,00.html

O biólogo molecular e colunista do G1 Alysson Muotri e cientistas brasileiros conseguiram transformar neurônios de portadores de um tipo de autismo conhecido como Síndrome de Rett em células saudáveis. Trabalhando nos Estados Unidos, os pesquisadores mostraram, pela primeira vez, que é possível reverter os efeitos da doença no nível neuronal, porém os remédios testados no experimento, realizado em laborátorio, ainda não podem ser usados em pessoas com segurança.
Muotri, pós-doutor em neurociência e células-tronco no Instituto Salk de Pesquisas Biológicas (EUA) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, trabalhou com os também brasileiros Cassiano Carromeu e Carol Marchetto. O estudo sai na edição de sexta-feira (12) da revista científica internacional “Cell”.
Para analisar diferenças entre os neurônios, a equipe fez uma biópsia de pele de pacientes autistas e de pessoas sem a condição. Depois, reprogramou as células da pele em células de pluripotência induzida (iPS) – idênticas às células-tronco embrionárias, mas não extraídas de embriões. “Pluripotência” é a capacidade de toda célula-tronco de se especializar, ou diferenciar, em qualquer célula do corpo.
A reprogramação genética de células adultas é feita por meio da introdução de genes. Eles funcionam como um software que reformata as células, deixando-as como se fossem de um embrião. Assim, as iPS também podem dar origem a células de todos os tipos, o que inclui neurônios.

Como os genomas dessas iPS vieram tanto de portadores de autismo como de não portadores, no final o trio de cientistas obteve neurônios autistas e neurônios saudáveis.

Comparação, conserto e limitações
Comparando os dois tipos, o grupo verificou que o núcleo dos neurônios autistas e o número de “espinhas”, as ramificações que atuam nas sinapses – contato entre neurônios, onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos de uma célula para outra – é menor.
Identificados os defeitos, o trio experimentou duas drogas para “consertar” os neurônios autistas: fator de crescimento insulínico tipo 1 (IGF-1, na sigla em inglês) e gentamicina. Tanto com uma substância quanto com a outra, os neurônios autistas passaram a se comportar como se fossem normais.

“É possível reverter neurônios autistas para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente”, diz Muotri, que escreve no blog Espiral. “Isso é fantástico, traz a esperança de que a cura é possível. Além disso, ao usamos neurônios semelhantes aos embrionários, mostramos que dá para fazer isso antes de os sintomas aparecerem.”

Os resultados promissores, porém, configuram o que é chamado no meio científico de “prova de princípio”. “Mostramos que a síndrome pode ser revertida. Mas reverter um cérebro inteiro, já formado, vai com certeza ser bem mais complexo do que fazer isso com neurônios numa placa de petri [recipiente usado em laboratório para o cultivo de micro-organismos]”, explica o pesquisador.

Entre as barreiras que impedem a aplicação prática imediata da descoberta está a incapacidade do IGF-1 de chegar ao alvo. “O fator, quando administrado via oral ou pela veia, acaba indo muito pouco ao cérebro. Existe uma barreira [hematocefálica] que proteje o cérebro, filtrando ingredientes essenciais e evitando um ataque viral, por exemplo. O IGF-1 é uma molécula grande, que acaba sendo filtrada por essa barreira”, afirma Muotri. “Temos de alterar quimicamente o IGF-1 para deixá-lo mais penetrante.” Além disso, tanto o fator quanto a gentamicina são drogas não específicas, portanto causariam efeitos colaterais tóxicos se aplicadas em tratamentos com humanos.
"É possível reverter neurônio autista para um estado normal, ou seja, o estado autista não é permanente",diz Alysson Muotri.
 
(Foto: cortesia UC San Diego)
Síndrome de Rett
O foco do estudo foi a chamada Síndrome de Rett, uma doença neurológica que faz parte do leque dos autismos. “Leque” porque o autismo não é uma doença única, mas um grupo de diversas enfermidades que têm em comum duas características bastante conhecidas: deficiências no contato social e comportamento repetitivo.
No caso dos portadores de Rett, há um desenvolvimento normal até algo em torno de seis meses a um ano e meio de idade. Mas então começa uma regressão. Além das características autistas típicas, neste caso bem acentuadas, eles vão perdendo coordenação motora e rigidez muscular.

Essa síndrome foi escolhida para o trabalho de Muotri, Carromeu e Marchetto porque tem uma causa genética clara – mutações no gene MeCP2 – e porque afeta os neurônios de forma mais acentuada, facilitando comparações e verificações de reversão.

“Talvez a implicação mais importante desse nosso trabalho é o fato de que os neurônios derivados de pessoas com autismo mostraram alterações independentemente de outros fatores. Isso indica que o defeito foi autônomo. Por isso, esse dado deve contribuir para reduzir o estigma associado a doenças mentais”, comemora Muotri. “Você não fica autista porque sua mãe não te deu o amor necessário ou porque seus pais foram ruins.”

Amizade...

"Qualquer hora dessas, o sol vai deixar de brilhar...

Mas isso não importa, a lua brilhará dia e noite...

Qualquer dia desses, as estrelas vão cair...

Mas ninguém precisa ter medo, o oceano as receberá em suas águas...

Algumas coisas costumam acontecer na hora errada, outras coisas acontecem na hora exata. A sublimidade do ser humano, é capaz de tornar as coisas perfeitas...

A paz interior de cada um e o desejo de busca, influenciam o encontro...

Mesmo que o encontro seja virtual, ou imaginário. (Seria a mesma coisa?)

Sei que pode se tornar real, por causa da sublimidade e da paz interior, e da busca de felicidade que cada ser tem dentro de si.

Busco sem medo...

Encontro com medo...

Sinto, com desejo...

Às vezes correr o risco de não encontrar, é melhor do que nem tentar procurar.

Busquei e te encontrei!

Ou foi você que me encontrou???

Bom, o que importa é que o destino é amigo dos homens, e os homens são amigos entre si...

Mesmo que o destino se torne nosso inimigo, nós jamais poderemos fazer o mesmo, devemos continuar nos amando...

Os amigos se amam. Os verdadeiros...

As estrelas nem vão mais cair, nem o céu deixará de ter o brilho do sol, nem as coisas erradas irão acontecer.

Por que o amor e a amizade são maiores, e dominam o coração e o espaço.

A busca foi verdadeira e o verdadeiro sentido dessa busca..."

(autor desconhecido)

Beijo
Excelente semana!!!
Judith



Pensamento...

O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,


mas na intensidade com que acontecem.

Por isso existem momentos inesquecíveis,

coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)
 
Desejo que aproveitem o que esta aqui... Beijo!
Judi

29 de out. de 2010

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

Sem Comentários!!!!
Judith Menezes

26 de out. de 2010

O mais importante...

Um dia, um advogado famoso foi entrevistado. Entre tantas questões, lhe perguntaram o que de mais importante fizera em sua vida.
No momento, ele falou a respeito do seu trabalho com celebridades.
Mais tarde, penetrando as profundezas de suas recordações, relatou: O mais importante que já fiz em minha vida ocorreu no dia 8 de outubro de 1990.
Estava jogando golfe com um ex-colega e amigo que há muito não via.
Conversávamos a respeito do que acontecia na vida de cada um. Ele contou-me que sua esposa acabara de ter um bebê.
Estávamos ainda jogando, quando o pai do meu amigo chegou e lhe disse que o bebê tivera um problema respiratório e fora levado às pressas ao hospital.
Apressado, largando tudo, meu amigo entrou no carro de seu pai e se foi.
Fiquei ali, sem saber o que deveria fazer. Seguir meu amigo ao hospital? Mas eu não poderia auxiliar em nada a criança, que estaria muito bem cuidada por médicos e enfermeiras.
Nada havia que eu pudesse fazer para mudar a situação.
Ir até o hospital e oferecer meu apoio moral? Talvez. Contudo, tanto meu amigo como a sua esposa tinham famílias numerosas.
Sem dúvida, eles estariam rodeados de familiares e de muitos amigos a lhes oferecer apoio e conforto, acontecesse o que fosse.
A única coisa que eu iria fazer no hospital era atrapalhar. Decidi que iria para minha casa.
Quando dei a partida no carro, percebi que o meu amigo havia deixado o seu veículo aberto. E com as chaves na ignição, estacionado junto às quadras de tênis.
Decidi, então, fechar o seu carro e levar as chaves até o hospital.
Como imaginara, a sala de espera estava repleta de familiares. Entrei sem fazer ruído e fiquei parado à porta.
Não sabia se deveria entregar as chaves ou conversar com meu amigo.
Nisso, um médico chegou, se aproximou do casal e comunicou a morte do bebê. Eles se abraçaram, chorando.
O médico lhes perguntou se desejariam ficar alguns instantes com a criança.
Eles ficaram de pé e se encaminharam para a porta. Ao me ver, aquela mãe me abraçou e começou a chorar.
Meu amigo se refugiou em meus braços e me disse: "Muito obrigado por estar aqui!"
Durante o resto da manhã, fiquei sentado na sala de emergências do hospital, vendo meu amigo e sua esposa segurando seu bebê, e se despedindo dele.
Isso foi o mais importante que já fiz na minha vida!

Por Equipe de Redação do Momento Espírita com base em texto sem menção a autor, intitulado "Lição de vida"


* *
A vida pode mudar em um instante.
Podemos fazer planos e imaginar nosso futuro. Mas ao acordarmos pela manhã, esquecemos que esse futuro pode se alterar em um piscar de olhos.
Esquecemos que podemos perder o emprego, sofrer uma doença, perder um amor, cruzar com um motorista embriagado e outras mil coisas. Por isso, entre as tantas coisas que nos tomam as horas todos os dias, não esqueçamos de eleger um tempo para umas férias, passar um dia festivo com a família, dizer palavras carinhosas, contemplar a natureza, jogar conversa "fora" com um amigo... Uma hora para estar com as crianças, ler para elas, participar de uma festa na escola.
E, naturalmente, guardar um tempo para cultivar amizades.
Precisamos cultivar nossas amizades, elas são essenciais em nossa vida e de importância extrema principalmente em horas difíceis como as da mensagem. Que possamos sempre valorizar nossas amizades e ser um amigo fiel tanto nas horas boas, quanto nos momentos difíceis. As ações mais importantes de nossas vidas são aquelas em que ajudamos alguém, fazendo com que essa pessoa sinta o aconchego de um abraço amigo, sinta que pode contar com essa pessoa.
Cultivemos nossas amizades!!
Beijos
Judith

3 de out. de 2010

PRESENTES

Há algum tempo atrás uma mãe repreendeu a filha de 5 anos de idade por ter estragado um rolo de papel dourado que iria servir para decorar uma caixa a ser colocada debaixo da árvore de Natal.
Na noite de Natal a menina pegou numa caixa e entregou-a à sua mãe dizendo:
-Isto é para ti, mamãe.
A mãe ficou sem graça pela sua reação precipitada, mas a sua raiva aflorou novamente quando viu que a caixa estava vazia, e falou rudemente para a sua filha:
- Não sabes que quando se oferece um presente a alguém é esperado que exista aguma coisa dentro do embrulho?
A menina em lágrimas olhou a mãe e disse:
- Oh, não está vazia, mamãe. Eu soprei para dentro dela até ficar cheia de beijos.
A mãe ficou arrasada. Ajoelhou-se e pediu perdão pela sua ira irracional abraçando-a com ternura.
É sabido que a mãe guardou aquela caixa dourada junto à sua cama durante o resto da sua vida. Sempre que esteve deprimida ou tinha de enfrentar problemas, abria a caixa e tirava de lá um beijinho que a lembrava o amor da criança que o colocará lá.
(autor desconhecido)



Que a correria do dia a dia não nos faça perder a docilidade, a ternura e a sabedoria para reconhecermos os presentes que nos sao ofertados no decorrer da nossa jornada... os melhores, aqueles que realmente nascem do coração. Que possamos refletir com essa mensagem e distribuir presentes desse tipo para quem amamos.
Desejo que cada um tenha sensibilidade para perceber seu presente.

Beijos
Judi Menezes

2 de out. de 2010

Como é curiosa a nossa existência, estamos sempre pensando o porque das coisas serem assim ou querendo algo melhor do que temos.
No dia de hoje trago uma linda mensagem que nos faz refletir sobre a nossa evolução.
Reflitam!!

Quando você conseguir superar graves problemas de relacionamentos, não se detenha na lembrança dos momentos difíceis, mas na alegria de haver atravessado mais essaprova em sua vida.
Quando sair de um longo tratamento de saúde, não pense no sofrimento que foi necessário enfrentar, mas na benção de Deus que permitiu a cura.
Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades.
Elas serão uma prova de sua capacidade, e lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.
Uns queriam um emprego melhor;outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;outros, ter pais.
Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita; outros, falar.
Uns queriam silêncio; outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo; outros, ter pés.
Uns queriam um carro; outros, andar.
Uns queriam o supérfluo;outros, apenas o necessário.
Há dois tipos de sabedoria:
a inferior e a superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior. Seja um eterno aprendiz na escola da vida.
A sabedoria superior tolera, a inferior julga;a superior alivia, a inferior culpa;
a superior perdoa, a inferior condena.
Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!

Por Chico Xavier

Que possamos adotar a sabedoria superior em nossas vidas. Que sejamos humildes e aprendamos com os fatos ocorridos ao longo de nossa caminhada nesse mundo. Mesmo que esses acontecimentos nem sempre sejam o que desejamos para as nossas vidas, acho que sabemos pouco sobre o caminho que percorremos...Claro que desejamos evoluir em nossas vidas, mas antes de tudo temos que agradecer a Deus por tudo que temos e conquistamos.como essa para que possamos refletir sobre a nossa existência e essa em especial sobre a alma do mundo.
Judi


17 de set. de 2010

INTERVENÇÕES EDUCATIVAS E AUTISMO ( cont.)

Considerando que educar pressupõe a consideração de quem são os sujeitos participes desse processo, que se assume como educador, qual a finalidade do ato de educar, para quem é dirigido o ato de educar, quais os espaços de participação criados nesse ato? Particularmente, na situação diferenciada que o ato de ensinar representa quando indivíduos em situações especificas encontram-se envolvidos no mesmo, acentua-se a necessidade da consideração de tais diversidades.

Pergunta-se, então, qual é o significado de educar um aluno com deficiência mental? Ou um aluno com deficiência visual? Ou um aluno com autismo? Quais espaços devem ser criados e continuamente considerados quando é deflagrado o processo de ensino aprendizagem com esses sujeitos e suas diversidades?
Partindo desses questionamentos procuramos estudar e/ou conhecer algumas teorias que propiciam melhor entendimento e compreensao do caminho a ser trilhado.

1 -  TEORIAS AFETIVAS



  • TEORIA DE HOBSON
Hobson criticou a atuação de autores psicanalíticos e analíticos, implicados no estudo do autismo, os quais inferiam seus conceitos a partir das intervenções terapêuticas que realizavam com crianças autistas, utilizando a tradicional metodologia psicoterapêutica, desconsiderando as condições peculiares da vida psíquica dessas crianças (Hobson, P., 1989). Começou a formular, ainda na década de 1980, os fundamentos das teorias afetivas atuais sobre o autismo. Suas conceituações aproximam muito de uma perspectiva psicanalítica de relações objetais.


Nas suas formulações iniciais, ele considerou que :


1. As crianças autistas apresentam falhas constitucionais nos componentes de ação e reação necessários para o desenvolvimento das relações objetais, que envolvem afeto com as outras pessoas;


2. Falta às crianças autistas a coordenação da experiência e do comportamento sensoriomotor e afetivo, característico da vida normal intrapessoal, assim como da interpessoal;


3. Nessa patologia existem déficits no reconhecimento das outras pessoas como portadoras de sentimentos, pensamentos, intenções e desejos próprios;


4. Existem déficits na capacidade de abstrair, sentir e pensar simbolicamente.


Hobson, nos seus trabalhos mais recentes, postula que as relações interpessoais são o “berço” do pensamento. Acredita que para o desenvolvimento da vida mental, antes da linguagem, existe algo mais básico, o engajamento social com o outro, mais primitivo e com poder inigualável como potencial formativo, que inicia o ser humano na linguagem. Tal engajamento social se desenvolve em pequenos passos, mas repentinamente dá surgimento aos processos de pensamento, os quais revolucionam a vida mental. A ligação que pode reunir a mente de uma pessoa com a mente de alguém mais, especialmente ligações emocionais, são as verdadeiras ligações que iniciam o ser humano no pensamento. As bases do pensamento encontram-se no ponto no qual os primatas ancestrais começaram a entrar em contato emocional, um com o outro, da mesma forma que os bebês entram em contato com seus cuidadores.


Autistas são seres humanos para os quais o mútuo engajamento com alguém mais é parcial ou ausente. A falta de conexão emocional com o autismo é devastadora por si, mas também traz implicações sobre a capacidade de pensar da criança. As raízes do pensamento estão no que ocorre em virtude da experiência individual de uma pessoa com alguém mais. As raízes do autismo podem vir a ser encontradas no que deixa de acontecer entre as pessoas.


Hobson insiste no postulado de que as formas de engajamento pessoal vêm antes do pensamento. As crianças com autismo não têm o contato intersubjetivo com outra pessoa e isso causa o impedimento para a vida imaginativa. Elas não conseguem imaginar a si mesmas presentes nas mentes dos outros. “Eles não parecem se experimentar nos corações e nas mentes dos outros”.


Se a maior motivação para aprender linguagem seja afetar a mente dos outros, talves não seja surpreendente que muitas crianças com autismo jamais falem. Se alguém deseja sentir-se com alguém mais para registrar que se está conectado psicologicamente, e se tal conexão é uma parte necessária da compreensão do que existe para ser partilhado e para ser comunicado, então a falta de contato intersubjetivo pode prejudicar toda a função do significado da linguagem, exceto talvez em alguma forma incipiente relacionada como o conseguir algo de alguém. Muitas vezes se observa o diálogo nas crianças com autismo, mas falha a flexibilidade da troca interpessoal e falha o ajustamento mutuo.


Para o autor o pensamento surge mediante os movimentos na orientação mental. Movimentos na orientação mental são uma tipo especial, pois ocorrtem por intermédio da resposta da criança a outra pessoa. São movimentos que começam antes do pensamento, eles permitem que uma criança de 1 ano de idade capte a natureza de perspectiva da mente, no sentido de que diferentes pessoas podem considerar de modos diferentes objetos e eventos. Tais movimentos na orientação mental permitem que a criança compreenda como os significados de uma pessoa podem ser ancorados em símbolos. Pessoas com mentes têm suas próprias experiências subjetivas e elas podem dar significado as coisas. Estes significados estão ancorados em símbolos. Alguém pode usar símbolos somente se posssui o tipo de vida emocional que conecta com e mundo e com os outros. As crianças com autismo têm a falta de algo essencial ao desenvolvimento humano. Algo essencial para o funcionamento simbólico criativo. Elas ficam aquém do padrão que leva ao uso de símbolos criativamente. Algumas delas têm certas funções intelectuais preservadas do tipo de atividade que caracteriza os computadores.


Hobson não considera preciso o termo “teoria da mente” aplicado à crescente compreensão, por parte da criança, da vida mental das pessoas. A teoria da mente sugere que uma criança teoriza sobre a natureza dos sentimentos, desejos, crenças e intenções. Não é teorizando que a criança começa a compreender os aspectos da vida mental. Questões interesssantes e criticas podem ser formuladas sobre o tipo de conhecimento que é adquirido nos primeiros anos de vida. Como a criança percebe que uma pessoa é um tipo de coisa que tem uma mente? Como ela começa a perceber que uma mente é composta de pensamentos, sentimentos etc. são diferentes dos objetos que se pode pegar?


Hobson e equipe, numa série de experimentos empregando grupos de controle, testaram a hipótese de que indivíduos com autismo apresentam deficits no processamento da informação afetiva. Em um desses estudos (Hobson, 1986), crianças com e sem autismo foram testadas na sua habilidade em combinar desenhos e fotografias de expressões faciais com as imagens correspondentes em fitas de videotapes. As crianças com autismo demonstraram grandes dificuldades nessa tarefa, sugerindo um deficit na capacidade de reconhecimento de diferentes emoções. Em um outro estudo, os achados foram que as crianças autistas tenderam a classificar pilhas de fotografias a partir de características não-faciais (por exemplo, pelas roupas), enquanto crianças sem autismo o fizeram com base nas expressões afetivas, e também mostraram comprometimento na capacidade de combinar expressões faciais com gestos e postura congruentes.
A segurança dos relacionamentos de apego, continua afirmando Hobson, influencia a capacidade posterior da criança de se engajar com outra pessoa em um nível mental. A capacidade da criança de pensar sobre pensamento depende do modo como seus cuidadores se realcionam com ela.

Deixo um breve pensamento e o desejo, sempre o desejo , de que possa gerar algum tipo de reflexao.
" “Eu estou cansado de negar quem eu sou. Eu não quero mais fazer isto, nem para mim, nem para as pessoas a quem amo. Mas, primeiro eu preciso conhecer, amar e aceitar quem eu sou. Devo encontrar a pessoa que cresce dentro de mim”. (Mackean)

Judi Menezes
 

21 de jul. de 2010

Autismo : antes da intervenção ....

Eu espero pelo dia no qual você sorrirá para mim, porque perceberá que existe uma pessoa decente e inteligente... pois eu tenho visto como as pessoas olham para mim, embora eu nada tenha feito de errado”.



“Eu estou cansado de negar quem eu sou. Eu não quero mais fazer isto, nem para mim, nem para as pessoas a quem amo. Mas, primeiro eu preciso conhecer, amar e aceitar quem eu sou. Devo encontrar a pessoa que cresce dentro de mim”.


Construa-me uma ponte

Eu sei que você e eu

Nunca fomos iguais.

E eu costumava olhar para as estrelas à noite

E queria saber de qual delas eu vim.

Porque eu pareço ser parte de um outro mundo

E eu nunca saberei do que ele é feito.

A não ser que você me construa uma ponte, construa-me uma ponte,

construa-me uma ponte de amor.



Eu espero pelo dia no qual você sorrirá para mim

Apenas porque perceberá que existe uma pessoa decente e inteligente

Enterrada profundamente em meus olhos caleidoscópios.

Pois eu tenho visto como as pessoas me olham

Embora eu nada tenho feito de errado.

Construa-me uma ponte, construa-me uma ponte,

E, por favor, não demore muito.



Vivendo na beira do medo,

Vozes ecoam como trovão em meus ouvidos.

Vendo como eu me escondo todo dia.

Estou apenas esperando que o medo vá embora.

Eu quero muito ser uma parte do seu mundo.



Eu quero muito ser bem sucedido.

E tudo o que preciso é ter uma ponte,

Uma ponte construída de mim até você.

E eu estarei junto a você para sempre,

Nada poderá nos separar.

Se você me construir uma ponte, uma pequena, minúscula ponte

De minha alma, para o fundo do seu coração.


                                                                                                    Mackean

 

Esse texto é  uma constante  na minha prática educativa e pedagógica no trabalho com crianças autistas.
Acredito que qualquer técnica, método au qualquer tipo de intervenção (médica, psicológica, pedagógica...) prescindem dessa ponte chamada amor. Não aquele amor piegas, nem permissivo mas, aquele amor genuíno, com responsabilidade, compromisso e abertura para as possiblidades que se apresentam no meio do caminho.
Sempre digo, plageando o poeta:  " No meio do caminho tinha uma pedra..." (apenas acrescento um complemento, uma pequena alteração ao poema). Respondendo : E daí? Adoro pedras.
Para mim as pedras são obstáculos que podem e devem sempre ser superados ou , talvez, quem sabe, apenas modificados...
Boa reflexão!
Judi Menezes

18 de jul. de 2010

Autismo Infantil : Caracteristiscas do Autismo

Autismo - caracteristicas do autismo (vídeo)

Esse vídeo traz de forma clara e objetiva as caracteristicas mais evidentes  apresentadas por uma pessoa autista. Porém, não devemos nos prender a tais caracteristicas ou acreditar que todo autista vai apresentá-las de maneira uniforme e linear.
Espero que gostem!

autismo e intervençoes pedagógicas

 Continuando com alguns recortes do meu trabalho de conclusão de curso de Pós-Graduação, acho importante discorrer sobre a  história  do autismo ( sem esgotar o assunto), apenas com a intenção de que isso posso gerar uma reflexão sobre como a cultura afetou e afeta a visão que temos do autismo.

 AUTISMO: BREVE HISTÓRICO

Proveniente do grego autos que significa “eu mesmo”.
O termo foi usado como adjetivo pelo medico suíço Eugen Bleuler, em 1912, para descrever o comportamento de algumas pessoas posteriormente diagnosticadas como esquizofrênicas, as quais eram desapegadas de tudo, exceto de seu mundo interno.

Sigmund Freud também usou o termo, mas rapidamente ressaltou que autista não queria dizer o mesmo que narcisista, pois naqueles “a satisfação dos instintos independe parcial ou totalmente de outros indivíduos”. Freud não gostava nem um pouco da palavra “autista”, mas não esta claro por quê. Talvez ele se opusesse ao fato de que, no início dos anos 1920, alguns médicos começassem a usar a palavra para se referir a devaneios ou fantasias; Freud achava que o termo, se é que deveria ser usado, tinha de se relacionar a uma deficiência no comportamento social. É incrível como Freud já era perceptivo, tanto tempo atrás.

Antes de Leo Kanner, psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos, a palavra autista referia-se a um sintoma e não a uma síndrome. Embora muitas outras características do autismo viessem a ser introduzidas na literatura psiquiátrica nas décadas que se seguiram, a maioria das descrições de Kanner ainda continuam a ser relevantes na atualidade, evidenciando suas habilidades de observação. Isso é estranho, de acordo com a historiadora Chloe Silverman, uma vez que quase todas as descrições antigas de outros distúrbios mentais parecem pouco familiares e antiquadas hoje em dia (Silverman, C. & Herbert, M., 2003).

Kanner, já em 1943 argumentava que essas crianças eram essencialmente diferentes dos esquizofrênicos. Para ele, o distúrbio das crianças autistas não se parecia com a esquizofrenia, já que no autismo não eram evidentes as alucinações ou ilusões, e, além disso, a esquizofrenia raramente aparecia no inicio da infância (Kanner, L., 1943). No entanto, ironicamente, as observações de Kanner de 1949 sobre a relação entre autismo e esquizofrenia dificultariam a aceitação do autismo como diagnóstico consumado e comum.

Um número considerável de autistas foi diagnosticado como portador de “esquizofrenia infantil” ainda nos anos 1970, já que essa era a única categoria diagnóstica oficial da Associação Americana de Psiquiatria, que somente fazia menção à palavra “autista”. Nesse tipo de “esquizofrenia infantil” estavam incluídas pessoas com sintomas de autismo, especialmente o “isolamento” e o retardo mental. Kanner acreditava que o autismo, ou autismo infantil, como costumava chamá-lo, era uma síndrome distinta, mas se perguntava se essa condição, na infância, não era precursora da esquizofrenia, indicação, logo no inicio da vida, do que viria mais tarde.

Na pratica, os clínicos distinguiam o autismo da esquizofrenia pelo nome “autismo infantil” e, ocasionalmente, síndrome de Kanner, mas o termo oficial para o autismo ainda era “esquizofrenia”

Em seu artigo “Autistic Disturbances of affective Contact” (Disturbios autistas de contato afetivo), publicado em 1943, que se tornou amoso, Kanner descreve 11 crianças diferentes entre si, todas nascidas nos anos 1930, que não obstante, acreditava terem muito em comum, pois compartilhavam o que ele denominava “autismo infantil”. Dois dos 11 pacientes originais de Kanner haviam chegado até ele depois de terem sido diagnosticados como esquizofrênicos por outro médico (Kanner, L., 1943).

Como Kanner acreditava que seus pacientes tinham autismo desde o nascimento, ele se recusava a denominar uma das manifestações dessa condição de isolamento, pois, o isolamento não ocorria após uma atitude anterior participativa. Em outras palavras, as crianças “autistas” nunca haviam interagido com o mundo social. Kanner também não achava que a condição fosse a mesma de retardo mental, pois, após examinar as 11 crianças, percebeu que a maioria tinha inteligência normal ou acima dos padrões. Eram crianças dotadas de grande potencial cognitivo (Kanner, op.cit).

Foi realmente notável a habilidade de Kanner em encontrar traços comuns num grupo tão diverso de crianças; sua definição básica de autismo permanece válida atualmente, contudo, ele errou ao excluir varias crianças, as que sofriam de retardo mental ou epilepsia, do diagnóstico, por não achar que se encaixavam num padrão coerente. Kanner não achava que os autistas pudessem ser mentalmente retardados ou epilépticos, ainda que um de seus 11 pacientes originais fosse epiléptico..

Ele também cometeu um erro crucial que dificultou a aceitação do autismo como síndrome pelos psiquiatras. Kanner conclui seu artigo afirmando que o autismo é um distúrbio biológico. Como os psiquiatras poderiam dar ouvidos a isso?

Em primeiro lugar, as maiorias desses psiquiatras se formaram sob o pensamento psicanalítico da década de 1940, acreditando que quase todos os distubios mentais eram causados por transtornos psicológicos assim a hipótese de Kanner não tinha muitas probabilidades de ser aceita por eles.

Em segundo, os psiquiatras achavam que se a doença mental tinha sido causada por problemas biológicos ou genéticos, ela não era tratável, enquanto que as doenças psicogênicas, originadas por distúrbios psicológicos, sim, podiam ser tratadas pela psicoterapia, praticamente a única forma de tratamento na época.

Por outro lado, as chances de acreditarem que o autismo ou qualquer outra doença mental fosse intratável eram poucas, pois isso tornava a psiquiatria irrelevante

Assim, a resposta à questão “Kanner está realmente vendo um novo distúrbio?” tinha de ser respondida ao mesmo tempo com um “sim” e um “não”. Sim, tratava-se de um novo distúrbio porque ninguém jamais percebera que características tão variadas encaixavam-se num padrão único: Kanner deu-lhe um nome e transformou-o numa síndrome. Entretanto, ela não era nova, pois os sintomas provavelmente eram tão antigos quanto a humanidade.

O autismo é algo novo porque no século XX os distúrbios mentais foram descritos com maior precisão sendo diferenciados uns dos outros e com nomenclatura especifica. Porém, é possível pensar que o autismo já existia antes de ter um nome?

Com certeza sim, porém, não como um conceito próprio ou doença distinta, como já eram a epilepsia e o retardo mental, mas sempre existiram pessoas que atualmente poderíamos chamar de autistas. Ainda hoje o autismo existe sem ter um nome. Há culturas no planeta em que, além de não terem um nome para o distúrbio, sequer vêem os sintomas do autismo como patológicos. Há, por exemplo, as chamadas “crianças maravilhosas” ou Nit-ku-bom, do Senegal, e as crianças autistas da tribo Navajo do sudoeste Norte-Americano, que são vistas simplesmente como eternas crianças.

O conjunto de sintomas aos quais, nos dias de hoje, atribui-se ao autismo provavelmente já existe há muito tempo, mas não há como provar; e mesmo supondo que essas pessoas existissem, ninguém sabe quantas eram.

Talvez a melhor forma de explorar a idéia do autismo na historia seja perguntando se, caso pudéssemos viajar no tempo ate o século XIX , ou antes, encontraríamos crianças que se encaixariam nos critérios atuais do diagnostico. Sendo difícil, se não impossível, estabelecer diagnósticos a partir de evidências históricas, vale a pena discutir brevemente alguns indícios do autismo no passado distante, ainda que somente para observar que os aspectos do que atualmente denominamos autismo existiam muito antes da invenção da psiquiatria moderna.

Judi Menezes