11 de dez. de 2010

Anticoncepção na Adolescência

O Brasil tem promovido diversos programas com o objetivo de melhorar a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, porém focalizando principalmente as adolescentes grávidas.
Para os adultos, nos quais se incluem os profissionais de saúde, tem sido difícil aceitar que os adolescentes têm vida sexual ativa e que eles precisam não só de informações, mas também de acesso aos métodos anticoncepcionais. Às vezes, sem perceber, dificulta-se o uso dos métodos ao se perpetuarem mitos e preconceitos em relação aos mesmos ou pelo temor dos profissionais de dar anticoncepcionais a menores de idade. O desafio atual é garantir que as(os) adolescentes tenham o aceso aos serviços antes mesmo do início de sua vida sexual, e oferecer-lhes um atendimento integral , que inclua também seus aspectos psicológicos e sociais. De nada adianta fazer de conta que nada esta acontecendo. Os adolescentes, cada dia mais cedo, despertam  ou sao induzidos a despertar para o sexo. Quero que fique claro que nao estou defendendo que o(a)  adolescente sai por ai fazendo sexo deliberadamente. Mas, caso isso aconteca acredito que sera muito melhor que ele(a) estejam seguros-fisica e psicologicamente-  e bem informados  sobre o inicio de sua vida sexual. Portanto, estou comecando a publicar uma serie de artigos medicos, acessiveis a todos sobre a referida tematica.
Sugiro que os(as) adolescentes e os adultos  interessados acessem o site :http://www.adolescencia.org.br/adolescencia, pois o mesmo traz informacoes sobre diversas tematicas (inclusive sexualidade) com linguagem e visual bem "transados" , com  artigos serios, escritos por profissionais competentes, e esclarecedores.

Aspectos médicos da anticoncepção na adolescência.
Do ponto de vista médico, a anticoncepção na adolescência não apresenta grandes desafios. Nesse grupo, como em qualquer faixa etária, a escolha do método anticoncepcional deve ser livre e informada, respeitando os critérios de elegibilidade médica. Os adolescentes, homens e mulheres, quando iniciam a vida sexual, em geral estão em boas condições de saúde, sendo excepcional ter de lidar com situações em que os critérios de elegibilidade médica limitem ou dificultem a escolha do método anticoncepcional. É importante salientar que, contrariando preconceitos fortemente enraizados na cultura médica, mas sem fundamento científico, não há nenhum método anticoncepcional que não possa ser utilizado na adolescência depois da menarca. Os critérios de elegibilidade médica da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicados em 1996, baseados numa ampla revisão da literatura, estabeleceram que a idade não deve constituir restrição ao uso de qualquer método.


Da mesma forma que em qualquer outra faixa etária, para que haja escolha livre e informada, a usuária potencial deve conhecer as características dos métodos que incluem: a eficácia, mecanismo de ação, modo de uso, os principais efeitos colaterais e como lidar com eles. Tendo em conta essa premissa básica, analisaremos brevemente o uso dos diversos métodos na adolescência. Antes, porém, da revisão por método, é necessário revisar o conceito de dupla proteção.

A incidência crescente de DST e a epidemia de aids fazem com que seja fundamental, em todas as faixas etárias, especialmente na adolescência, insistir no conceito da dupla proteção. Os estudos sobre a incidência e modo de transmissão das DST e aids têm confirmado que o sexo feminino apresenta uma vulnerabilidade maior às doenças, o que se soma ao fato de que são as mulheres que tem de carregar as conseqüências da gravidez indesejada. A transmissão do vírus HIV e das DST é mais eficiente de homem para mulher que no sentido contrário, e as conseqüências das DST nas mulheres são maiores que nos homens. Isso justifica que as mulheres, incluindo as adolescentes, utilizem dupla proteção sempre que o parceiro não ofereça garantia de não portar uma DST ou o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

A dupla proteção, contra a gravidez indesejada e DST/aids, pode ser feita, basicamente de duas maneiras:

a) usar um método de eficácia alta ou média (pílula, injetável, DIU) e preservativo em todas as relações, ou pelo menos naquelas em que exista risco de contrair DST ou aids;

b) usar camisinha como dupla proteção, tendo como retaguarda a contracepção de emergência, para utilizar quando o preservativo se rompe ou sai do lugar, ou nos casos em que, por esquecimento ou qualquer outra razão, não é usado.
As mulheres devem receber informações muito completas e claras sobre a dupla proteção e, quando escolham a segunda opção, devem ser instruídas em detalhes sobre como utilizar a contracepção de emergência.

O fato da maior vulnerabilidade da mulher não isenta o homem da necessidade de proteger-se contra essas doenças, além da responsabilidade para com a sua parceira, de evitar o risco de transmitir-lhe uma DST ou aids.
A cada ano cerca de um milhão de adolescentes engravidam no Brasil. Hospitais desenvolvem programas para adolescentes entre 10 e 19 anos, responsáveis por 26% dos partos no SUS. Hoje no Brasil, uma em cada 10 mulheres de 15 a 19 anos já tem dois filhos. Na faixa dos 19 anos, uma em três já tem um filho ou está grávida. Pesquisa feita com adolescentes no Hospital da Clínicas – SP, detectou que uma parte expressiva queria mesmo engravidar.
   Fonte:   http://www.adolescencia.org.br/adolescencia/default.asp

Espero que essas informacoes sejam uteis e sirvam para iniciar uma conversa sincera, aberta e respeitosa com a familia que, no meu entendimento, deve ser a principal  educadora desses jovens.
 Onde muitas adolescentes grávidas vêem sua vida mudar completamente e não se sentem preparadas para isso. Não é nada fácil, de uma hora para outra, deixar o papel de filha para se transformar em mãe. Outra questão é a relação com os pais. Nem sempre eles são tão compreensivos. A “culpa” por ter traído a confiança dos pais – seja real ou não – e o medo de perder o afeto dos dois fazem com que a adolescente se sinta desamparada e cheia de conflitos. Outras vezes, o receio é a perda do namorado. Com medo das responsabilidades e de ver o seu futuro ameaçado por um bebê que não estava no programa, alguns garotos acham melhor pular fora e deixar todo o encargo e responsabilidade por conta da menina. Muitas adolescentes acham que, só pelo fato de estarem grávidas, vão perder todos os encantos. No fundo, existe dificuldade em se reconhecer naquele corpo que está ganhando novas formas. Por mais forte que seja a adolescente, é muito difícil não se deixar abalar psicologicamente.

Considerando a complexidade dos processos envolvidos na gestação da adolescente, humildemente, arrisco dizer que o atendimento de saúde deve ter uma perspectiva de trabalho visando um atendimento mais integrado e global, permitindo lidar com as variáveis de risco dessa população: os fatores bio-psico-sociais.


PAZ E LUZ!!
Judi Menezes